terça-feira, 3 de abril de 2007

A Sombra do Vento



A Sombra do Vento
Carlos Ruiz Zafón

“- Não podes contar a ninguém aquilo que vais ver hoje, Daniel....”
“- Nem sequer à mamã?...”
“- Claro que sim (...) Para ela não temos segredos. A ela podes contar tudo.”
Seis anos depois da morte da mãe, Daniel acompanha o pai a um sítio misterioso, um velho palácio que parecia abandonado mas que no seu interior guardava segredos:
“- Bem-vindo ao Cemitério dos Livros esquecidos, Daniel.”
“- O costume é que a primeira vez que alguém visita este lugar tem de escolher um livro, aquele que preferir, e adoptá-lo assegurando-se de que ele nunca desapareça, de que permaneça sempre vivo. É uma promessa muito importante. Para toda a vida – explicou o meu pai. – Hoje é a tua vez.”

Daniel deixa-se enfeitiçar por “A Sombra do Vento” e, depois de devorar o livro, decide procurar outros livros do mesmo autor, mas descobre que não existe mais nenhum pois alguém os foi destruindo, tentando com isso apagar os sinais da existência de Julián Carax. Porquê? Pergunta-se Daniel.
Na tentativa de encontrar uma resposta damos por nós a acompanhar Daniel Sempere na sua procura pelos livros de Julián Carax, ao longo de várias décadas, pelas ruas de Barcelona, na primeira metade do séc. XX.
Somos levados com ele para o meio de uma emocionante teia de segredos, amores, ciúmes e traições, onde desfilam personagens misteriosas, boas e más, mas que contribuem inequivocamente para o seu crescimento e para o desenlace do mistério em torno de Julián Carax.
Sem dar por isso entramos numa espiral vertiginosa que não nos deixa sair enquanto não descobrirmos quem era afinal Julián Carax e como é que uma caneta Mont Blanc que supostamente pertencera a Victor Hugo acaba nas mãos de Daniel e como é que a vida de um se torna quase a vida de outro e a espiral quase se torna um círculo.
As personagens que vão surgindo são apaixonantes e se ao princípio parecem que só servem para adornar a trama acabam por se mostrar indispensáveis para o resultado. Fermín Romero de Torres, um mendigo perseguido pelo temido inspector Javier Fumero revela-se um aliado fundamental, bem como um aventureiro que nos delicia com o seu bom humor e com o seu desembaraço na ajuda prestada a Daniel. O Guardião do Cemitério dos livros revela-se muito mais do que isso e a irmã do melhor amigo de Daniel acaba por ser fundamental.
A Sombra do vento é uma narrativa apaixonante onde nada é revelado por acaso e onde até os mais insignificantes apontamentos se revelam de uma importância crucial.

A Sombra do Vento é o primeiro romance para adultos de Carlos Ruiz Zafón e converteu-se instantaneamente no romance espanhol de maior êxito mundial, conquistando milhões de leitores e obtendo inúmeros prémios literários. Em Portugal foi distinguido com o prémio “correntes d´Escritas 2006”.

“Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo – não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos -, vamos regressar.”
Para o próximo mês vou-vos falar do primeiro livro que realmente me enfeitiçou para a leitura e ao qual regresso de vez em quando para me certificar que as personagens continuam á minha espera.

“A Fórmula de Deus”


“A Fórmula de Deus”
De José Rodrigues dos Santos


Poucos são os livros que me prendem de uma forma tão forte como aconteceu com este.
José Rodrigues dos Santos com a sua maneira de escrever clara e apaixonante envolve-nos numa teia de mistério que nos obriga a passear com o livro para conseguirmos aproveitar todos os momentos disponíveis para ler mais umas linhas.
Este romance, baseado nas mais recentes e avançadas descobertas científicas, leva-nos numa viagem inesquecível cheia de mistérios, intrigas internacionais, amor e claro traições.
O seu herói, Tomás Noronha, historiador, especialista em criptografia, é arrastado para o mistério da Fórmula de Deus, um poema escrito e encriptado por Albert Einstein, e o que parecia uma simples fórmula da Física revela-se muito mais.
Neste livro “viajamos” entre o Cairo, os Estados Unidos, o Irão, o Tibete e Portugal, numa viagem que acaba por se revelar extremamente empolgante, uma odisseia espiritual da procura do sentido da vida e da maior procura de sempre: a prova cientifica da existência de Deus.
O autor consegue de uma forma muito clara e concisa expor e explicar as mais diversas teorias da física, da química, da cosmologia e da matemática. A forma como todas as teorias são expostas leva-nos a entender um pouco melhor o mundo que nos rodeia e a perceber que tudo está relacionado: a ciência e a espiritualidade / religião andam desde sempre da mãos dadas.
José Rodrigues dos Santos nasceu em Moçambique, abraçou o jornalismo na rádio Macau, tendo ainda trabalhado na BBC e na CNN. Doutorou-se em Ciências da Comunicação, é professor da UNL e jornalista da RTP. Este é o seu quarto romance.