As férias foram boas?
Será que aproveitaram para pôr a leitura em dia?
Eu consegui, entre um passeio e outro, entre uma sesta e outra, ler alguns livros, de que vos falarei ao longo das próximas edições do nosso jornal.
Começo com este livro que raptei da estante dos meus pais e que repousou na minha durante uns sete anos. Quando o trouxe comecei a lê-lo mas confesso que não me entusiasmou, acho que ainda não estava preparada. Este Agosto uma amiga recomendou-mo com tanto entusiasmo que resolvi limpar-lhe o pó e dar-lhe mais uma oportunidade.
Meus amigos, vale a pena, vale mesmo a pena.
O autor baseou-se em alguns dos manuscritos encontrados durante as obras de uma casa em Istambul, Turquia.
Escritos na grafia utilizada pelos judeus da Ibéria, datam de 1507, são assinados por Berequias Zarco e relatam o massacre de Lisboa em 1506.
Berequias Zarco é o nosso herói. Cristão-novo, vive com a mãe, os irmãos e os tios na zona de Alfama, em Lisboa. Quando em 1497 os judeus foram obrigados a converter-se ou a fugir, a família de Berequias optou pela conversão sem nunca abdicarem da sua verdadeira religião que seguiam praticando às escondidas.
O Tio de Berequias era um cabalista famoso na sua comunidade, um iluminista exímio que tentava salvar todos os livros importantes que encontrava para que não se perdesse uma parte importante da cultura judaica.
Quando na manhã de 6 de Abril de 1506, Páscoa, se desencadeiam os tumultos que levaram á morte de mais de duas mil pessoas, Berequias descobre o seu tio morto na cave de sua casa. Junto a ele está também uma mulher sem roupa e morta. Mas como é possível que estas duas pessoas estejam fechadas numa cave e mortas? A porta estava trancada por dentro, por isso o assassino não pode ter saído? Será que foi suicídio? E quem é a mulher?
Berequias relata-nos na primeira pessoa tudo o que se passou nesses dias em Lisboa, ao mesmo tempo que procura resolver o mistério da morte do tio.
Além do relato verídico de um momento menos feliz da história de Portugal, também ficamos a conhecer melhor o dia-a-dia dos judeus/cristãos-novos portugueses.
Richard C. Zimmler nasceu em Nova Iorque em 1956. Formou-se em Religião comparada e trabalhou como jornalista. Em 1990 mudou-se para a cidade do Porto onde vive e ensina na Universidade.
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