quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Livro que Desceu do Céu - Ahmad ‘Abd al Waliliyy Vincenzo


Na capa do livro pode ler-se: “Um romance para se saber mais sobre o Islão”, o meu comentário podia ficar só por aqui pois esta simples frase explica e resumo o livro.

Para escrever este romance o autor inspirou-se em pessoas que viveram na época em que a religião Muçulmana surgiu, principalmente em Zayd, filho de Thãbit, que vivia no oásis de Iatrib no ano de 620 depois de Cristo.

Para quem, como eu, não percebia muito bem a religião Muçulmana, este livro é extremamente interessante pois passa-se no seu início e explica o quando e o porquê do seu surgimento.

Naquela altura, cristãos, hebreus e árabes tinham uma convivência semi-pacífica. O cristianismo ainda se estava a difundir; os árabes, ainda sedentários, passavam muito tempo a guerrear entre si a percorrer todos os centros de comércio com as suas caravanas. Os hebreus eram uma comunidade integrada e respeitada de comerciantes que dinamizavam as trocas comerciais.

O oásis de Iatrib era um ponto de repouso para as caravanas, uma autêntica cidade. Zayd vivia aí com a sua mãe e o seu irmão, apanhando e vendendo tâmaras aos beduínos. A mudança começa a surgir nos habitantes do oásis, que começam a voltar das peregrinações a Meca, com uma boa nova: o Profeta Muhammad, o enviado de Deus, está para chegar. A idolatria começa a ser banida e uma nova religião surge com base nos ensinamentos esquecidos do Profeta Abraão.

Quando Muhammad vai morar para Iatrib, o oásis passa a ser chamado de Medina al-Nabi (“a cidade do Profeta”). Tudo muda no dia-a-dia dos seus habitantes e a convivência pacífica entre eles começa a ficar tensa devido aos hipócritas que em nome da religião tentam tirar proveito da vinda do Profeta.

Zayd decora com facilidade tudo o que ouve acerca dos ensinamentos do profeta e mais tarde é convidado pelo próprio a escrevê-los, para que a mensagem possa chegar a mais sítios sem ser deturpada.

Toda a cultura árabe é explicada neste lindo romance que me desfez muitas dúvidas e que me ensinou um pouco mais sobre a tolerância e o respeito pela diferença, pois no fundo não somos assim tão diferentes, todos procuramos o amor do Pai e todos temos medo de O decepcionar, independentemente da religião que professamos.

 

“A verdadeira «guerra» do crente não se trava contra os eventuais inimigos exteriores, mas contra as piores tendências negativas da alma. O Islamismo, tal como o Hebraísmo e o Cristianismo, é sobretudo uma religião, um caminho para a união do Homem com Deus; apela á paz e ao conhecimento e não à guerra do Homem contra o Homem. De facto, segundo um ditado islâmico: «A tinta dos sábios é mais preciosa do que o sangue dos mártires».”

 

Ahmad ‘Abd al Waliliyy Vincenzo nasceu em Nápoles em 1961 e desde a sua juventude que se dedica ao estudo das ciências religiosas. Tendo-se convertido ao islamismo, foi um dos fundadores da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana e é professor na Universidade Frederico II de Nápoles.

 

O Estranho Caso de Benjamin Button - F.Scott Fitzgerald


Francis Scott Fitzgerald nasceu a 24 de Setembro de 1896 em Saint Paul, Minnesota, Estados Unidos da América.

O seu romance mais conhecido é “O Grande Gatsby”. Publicou cerca de 160 contos, entre os quais “O estranho caso de Benjamin Button”. A inspiração para este conto esteve numa observação feita pelo seu colega e amigo Mark Twain de que era uma pena a melhor parte da vida ser no início e a pior no fim.

Assim nasceu Benjamin Button, um velho de setenta anos com todos os problemas e dores da velhice, que foi rejuvenescendo com o passar dos anos.

Este conto foi adaptado ao cinema, pela primeira vez posso dizer que gostei mais do filme do que do livro. A história é basicamente a mesma mas o filme tem mais enredo. Aqui Benjamin nasce bebé, e não adulto como no livro, sendo rejeitado pelo pai pois a sua aparência era grotesca. No livro ele é criado na casa da família, no filme ele é deixado á porta de um lar da terceira idade. Em comum estão as dificuldades de uma pessoa que cresce ao contrário e cujo corpo não corresponde ao seu cérebro. Fora dos padrões normais da sociedade, Benjamin tem poucos amigos, pois nem todos estão preparados para ver além das aparências.

Apesar de o livro retratar a sociedade do fim do século dezanove e de o filme se desenrolar durante o século vinte, pode-se dizer que as dificuldades continuam as mesmas neste início do século vinte e um, para quem não respeita os padrões normais instituídos.

Se não tiverem a oportunidade de ler o livro não deixem de ver o filme. Está cheio de boas lições e observações.