Na capa do livro pode ler-se: “Um romance para se saber mais sobre o Islão”, o meu comentário podia ficar só por aqui pois esta simples frase explica e resumo o livro.
Para escrever este romance o autor inspirou-se em pessoas que viveram na época em que a religião Muçulmana surgiu, principalmente em Zayd, filho de Thãbit, que vivia no oásis de Iatrib no ano de 620 depois de Cristo.
Para quem, como eu, não percebia muito bem a religião Muçulmana, este livro é extremamente interessante pois passa-se no seu início e explica o quando e o porquê do seu surgimento.
Naquela altura, cristãos, hebreus e árabes tinham uma convivência semi-pacífica. O cristianismo ainda se estava a difundir; os árabes, ainda sedentários, passavam muito tempo a guerrear entre si a percorrer todos os centros de comércio com as suas caravanas. Os hebreus eram uma comunidade integrada e respeitada de comerciantes que dinamizavam as trocas comerciais.
O oásis de Iatrib era um ponto de repouso para as caravanas, uma autêntica cidade. Zayd vivia aí com a sua mãe e o seu irmão, apanhando e vendendo tâmaras aos beduínos. A mudança começa a surgir nos habitantes do oásis, que começam a voltar das peregrinações a Meca, com uma boa nova: o Profeta Muhammad, o enviado de Deus, está para chegar. A idolatria começa a ser banida e uma nova religião surge com base nos ensinamentos esquecidos do Profeta Abraão.
Quando Muhammad vai morar para Iatrib, o oásis passa a ser chamado de Medina al-Nabi (“a cidade do Profeta”). Tudo muda no dia-a-dia dos seus habitantes e a convivência pacífica entre eles começa a ficar tensa devido aos hipócritas que em nome da religião tentam tirar proveito da vinda do Profeta.
Zayd decora com facilidade tudo o que ouve acerca dos ensinamentos do profeta e mais tarde é convidado pelo próprio a escrevê-los, para que a mensagem possa chegar a mais sítios sem ser deturpada.
Toda a cultura árabe é explicada neste lindo romance que me desfez muitas dúvidas e que me ensinou um pouco mais sobre a tolerância e o respeito pela diferença, pois no fundo não somos assim tão diferentes, todos procuramos o amor do Pai e todos temos medo de O decepcionar, independentemente da religião que professamos.
“A verdadeira «guerra» do crente não se trava contra os eventuais inimigos exteriores, mas contra as piores tendências negativas da alma. O Islamismo, tal como o Hebraísmo e o Cristianismo, é sobretudo uma religião, um caminho para a união do Homem com Deus; apela á paz e ao conhecimento e não à guerra do Homem contra o Homem. De facto, segundo um ditado islâmico: «A tinta dos sábios é mais preciosa do que o sangue dos mártires».”
Ahmad ‘Abd al Waliliyy Vincenzo nasceu em Nápoles em 1961 e desde a sua juventude que se dedica ao estudo das ciências religiosas. Tendo-se convertido ao islamismo, foi um dos fundadores da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana e é professor na Universidade Frederico II de Nápoles.
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